segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Freeporto - Toda a Verdade, Toda a Verdade!

Retirado de um blog isento.


A forma como o F.C.Porto marcou os seus golos no Restelo (sobretudo os dois primeiros) foi de tal modo enternecedora que por momentos julguei estar perante um treino da equipa de Jesualdo Ferreira à beira do Tejo. Os próprios equipamentos – ambos azuis – levavam a essa sensação, que aliás, com outras cores e protagonistas, não é nova, nem neste, nem em anteriores campeonatos.
A estratégia de Pinto da Costa é, desde há muito, a de uma satelização do maior número de clubes possível (da primeira e segunda ligas), de modo a somar poder em sede de votações, recrutar bons jogadores a baixo preço (Cissokho, Miguel Lopes, Andrés Madrid e Silvestre Varela são os mais recentes exemplos de negócios proibitivos para quaisquer outros clubes portugueses), ter onde colocar os excedentes do plantel - ficando com acesso privilegiado aos segredos de balneário de quase todas as equipas -, conseguindo com tudo isso, directa ou indirectamente, de forma mais ou menos dissimulada, para além de construir importantes dependências, um inegável amaciar de hostilidades que, em condições normais, um clube tantas vezes campeão despertaria na maioria dos adversários. Desde que o poder no futebol profissional se deslocou das associações para os clubes, desde que a então toda-poderosa e sinistra Associação de Futebol do Porto cedeu à Liga de Clubes o protagonismo com que manchou o futebol dos anos oitenta e noventa, tem sido esse o caminho seguido por aquele que é, reconheça-se, o sábio, o mestre, o sumo-pontífice dos bastidores do futebol português. E há que dizer que a estratégia tem dado resultados.
O Belenenses e o Vitória de Setúbal são dois exemplos paradigmáticos dessa política, e como se pode ver no quadro abaixo, a eficácia das parcerias tem sido absoluta. Nem a distância geográfica impediu estes dois clubes de estenderem a passadeira ao seu “tutor”, beneficiando de um lote alargado de jogadores emprestados, oferecendo direitos de opção sobre as suas melhores revelações e, enfim, perdendo simpática e docilmente os seus jogos com o F.C.Porto, nos quais a suavidade competitiva posta em campo nada tem que ver com a extrema agressividade com que é disputada cada bola, sempre que Benfica ou Sporting se deslocam aos seus estádios. Se estas alianças permitem ao F.C.Porto conquistar vitórias e campeonatos, aos seus satélites (ou pelo menos aos seus adeptos, pois os dirigentes movem-se por vezes noutras águas) não têm manifestamente proporcionado grandes motivos para festejar. O V.Setúbal está falido e o Belenenses para lá caminha - um irá para a segunda divisão esta época, o outro numa das próximas. É de facto lamentável como dois emblemas históricos se prostituíram e auto-destruíram com o beijo de escorpião que Jorge Nuno Pinto da Costa lhes deu.
Falei aqui da escandalosa viagem do Belenenses a Angola dias antes do jogo com o F.C.Porto. Com ou sem dentes de marfim pelo meio, estou seguro de que a mesma não aconteceria noutra qualquer semana, antes de outro qualquer jogo. Quem tanto se indispôs por um célebre Estoril-Benfica disputado no Algarve, deveria estar atento a este Belenenses-FC Porto (e ao Belenenses-Benfica da semana passada), a esta viagem a Angola, à prestação de alguns jogadores, quer ex-portistas (Cândido Costa, por exemplo), quer pré-portistas (vai uma aposta sobre Mano?), e à forma simples e pouco esforçada como o F.C.Porto venceu no Restelo e consegue facilmente levar de vencida muitos dos seus, aparentemente mais difíceis, compromissos.
Como já disse várias vezes neste espaço, um verdadeiro Apito Dourado teria de incidir em todos estes aspectos, teria de investigar jogadores e técnicos (para não falar em dirigentes), teria de perceber que nem só de arbitragem vive a manipulação e o favorecimento, havendo formas mais simples de conseguir ganhar jogos dentro e fora dos relvados.
Não havendo investigação, há no entanto aspectos que a Liga poderia e deveria cuidar, e que ajudariam a dissipar esta nuvem de conluio e suspeição que só serve para afastar pessoas do futebol. Poder-se-ia começar por proibir o empréstimo de jogadores a clubes do mesmo escalão. Poder-se-iam impedir as transferências entre eles durante a época. Poder-se-iam também penalizar os pré-acordos com jogadores, à semelhança do que se faz em Inglaterra, ou até criminalizar toda e qualquer movimentação financeira entre clubes que disputem as mesmas competições, salvo durante o defeso.
Se isto não iria desinfectar totalmente os bastidores, pelo menos aliviaria a dependência à qual certos dirigentes ajoelham os seus emblemas, tomando cafés (ou chocolatinhos, ou fruta), recebendo com todas as honras e negociando (ajudando?) com criminosos condenados e em pleno cumprimento de pena.

2 comentários:

  1. Ainda bem que esta informação foi retirada de um blog isento...

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  2. Notícia do Jornal do povo.

    "Benfica: Zoro cedido ao Vitória de Setúbal
    02.02.2009 - 19h19 PÚBLICO
    O central marfinense Marc Zoro foi emprestado pelo Benfica ao Vitória de Setúbal até ao final da temporada, confirmou hoje o clube da Luz.

    O Benfica adiantou ainda que o avançado chinês Yu Dabao foi emprestado ao Olivais e Moscavide, da II Divisão (Série D)."

    Quem é que anda a emprestar jogador a ver se amealha uns pontos?

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